2015 | 7min | HD | Color
o nascimento (2015) é meu primeiro curta ensaístico e experimental que versa com a minha história, no sentido de tentar buscar em minhas raízes um momento singular para compreender minha razão de ser.
Com os recursos ensaísticos de apropriação de imagens e sons de outras referências, tracei o trauma do nascimento do artista e a batalha social que isso representa para mim. Reuni os elementos dos pássaros durante mais ou menos um mês, filmando os dois filhotes e a mãe em diferentes estágios do início da vida deles. Estive sempre pensando em trazer esse conjunto de imagens como um documentário ensaístico sobre o apego ao ninho contrário ao impulso de ir ao longe que esses pássaros aparentavam ter; cada dia um pouco mais longe do ninho, mas com a mãe sempre atenta. Fui colecionando essas imagens sem saber muito bem como juntá-las.
Os outros elementos que coloquei, como a dança e a música indígena, as abelhas, Handel, as manifestações de 2013 contra o aumento da tarifa em SP, Mozart, Clarice Lispector e Julio Bressane são representantes das minhas raízes pessoais, culturais e sociais. Acho que a melhor tradução do que busquei fazer é esta citação de Mário Pedrosa sobre a arte:
O problema da criação, em todos os domínios mentais, portanto, consistiria em libertar os criadores, que se esqueceriam de associações mentais já feitas, já acorrentadas, automaticamente, a certas fórmulas. Não se explica por aí, também, a razão pela qual a criança é mais liberta dessas associações tirânicas que o adulto, e o homem mentalmente anormal mais do que o mediano – o que fica dentro da média estatística? ‘Só quando os criadores se libertam de uma individualidade refratária a qualquer combinação nova’, admite o mesmo ilustre professor, ‘é que se tornam capazes de contribuir a uma intuição nova’, e com mais forte razão, diríamos nós, a qualquer imagem nova.
Mário Pedrosa